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A Escolha

  • Katia Kristina
  • 23 de mar. de 2020
  • 6 min de leitura

Kathrina e Elf saíram na noite sob as luzes da cidade. O porte bonito dos dois chama a atenção dos transeuntes por onde eles passam .

Elf está calado com as mãos nos bolsos, um tic da timidez que lhe sobrou. Kathrina pergunta:

- O que foi? Porque está tão calado?

= Olhar a cidade assim depois de tanto tempo me lembra o dia em que fui transformado?

- Saudades dela? O que aconteceu aquele dia? Como a encontrou?

= Não são saudades coisa alguma! E o que aconteceu não vem ao caso.

Elf não quer contar que saiu de casa aborrecido com a recusa de Kathrina isso iria deixar mais sentimentos de culpa.

- Está bem! Então diz porque a melancolia?

= Alicia me deixou em meu apartamento algumas horas ou dias depois de me transformar não tenho certeza. Me levantei e dirigi-me a janela, estava sentindo dores horríveis por todo corpo, sentia os músculos enrijecerem. O céu estava de um delicado azul que parecia transparente. A noite desfilava uma alegria irônica diante dos meus olhos, com árvores floridas de amarelo. Jovens transitavam de um lado pro outro, casais felizes, o bairro estava numa animação que só! Tinha tanta alegria, que fazia sobressair minha condição e minha solidão forçada. Bem na frente da minha janela naquela praça tinha uma família brincando, o pai carregava um menino no pescoço enquanto a mãe alimentava o outro... Fechei a janela com raiva! Um ódio fulminante que me consumia mais do que a sede insuportável que eu sentia. Eu estava com inveja daquela vida que passou despercebida para mim chorando por um amor idiota. Me joguei na cama e mordi minhas mãos, mas minhas mãos não sangraram o que me deixou mais irado. Pensei em sair... Mas sabia que eu poderia ferir alguém! Era tudo tão desesperador.

Sobre o corvo... Eu não o vi quando estávamos no seu apartamento... Senti vergonha de contar.

Eu estava deitado com o meu desespero lutando para não abrir a janela e sair... Então, eu subi pela escada de serviço e fui para o topo do prédio. A imagem de Alicia na hora que descobri suas presas finas e pontiagudas não me davam paz. Eu repeti o nome dela por hora preso naquele terraço porque bati a porta por fora. Todo horror daquele momento, os aspectos fúnebres que havia acabado de adotar, foram jogados em meu rosto por lembranças. Eu pensava "já que sou morto preciso me enclausurar, me afastar de toda beleza, talvez furar os olhos"

Antes eu tinha vida dentro de mim como se fosse um rio transbordante, mas naquele momento tudo aquilo parecia com um velório... Bem, nem isso, já que eu não seria enterrado. Nessa hora pousou na tampa do ar condicionado central, dois corvos... Eu fiquei com ódio até mesmo da vida que eles tinham, mesmo sendo feios e negros podiam transitar e não fariam mal a ninguém a não ser aos vermes, num lampejo de fúria me ergui do chão onde estava sentado e agarrei os dois dentro das minhas mãos e os esmaguei. Coloquei naquele gesto todo ódio que havia em mim. Trucidei os esqueletos das aves com minhas mãos , durante esse gesto o sangue escorreu e sem perceber muito o que acontecia eu sorvi cada gota! Até ficarem esturricados. Me senti bem! Senti calor interno! A visão melhorou e a sede amenizou, então percebi que esse era o meu destino: viver dos pobres animais para não tirar a vida de um ser humano. Passei a atacar galinhas, pombos e ate ratos. Estava vagando pelas ruas depois de me alimentar de uma cadela que quando acabei de matar e enterrar, ouvi os latidos dos filhotes ela havia parido a horas, matei todos e enterrei com a mãe, estava decepcionado com esse gesto e com muito ódio! Foi quando dei com aquele bar em que voce me encontrou. Depois que discuti com voce e voce embora, eu estava conversando com uma mulher que me provocava querendo saber se eu era mesmo um Vampiro. Eu estava pronto a provar pra ela minha condição e fazê-la meu alimento. Mas ela deu de ombros como se eu fosse um louco e se levantou para ir embora depois de me deixar certo do que eu iria fazer. Depois de eu ter a certeza que iria mordê-la e sugar sua vida. Levantei da mesa e fui atras dela disposto a obrigá-la a me acompanhar quando senti uma dor forte no ombro e tudo se apagou. Acordei na manhã seguinte com o sabor maravilhoso de sangue e ao meu lado no assoalho uma taça de prata suja do sangue que me foi servido. Então passei a me esconder naquele porão, ninguém quase ia ali, apenas o dono dava umas chegadas lá durante o dia e por sorte nunca me viu dormindo entre os papelões. E foi assim até voce me encontrar novamente no dia que Alicia me raptou. O porão os ratos e eu.

Kathrina ficou em silêncio por um longo tempo, depois falou convicta.

- Vai passar! Voce não irá esquecer , porque a mente de um vampiro é eterna, mas o pavor que voce sente ao lembrar vai passar aos poucos.

De repente Elf olha em volta e diz:

= Uau! Andamos tanto e eu nem notei! Estamos quase na mata do Parque Ecológico. Não podemos entrar ai Kathrina! Eles possuem sensores que vão nos denunciar e virão atrás de nós.

-Elf! Somos vampiros! Sensores não nos detectam.

= Não??

- Claro que não! e estamos justamente onde eu queria venha!

Meio desconfiado Elf segue-a ao chegar diante de um grande carvalho centenário ela diz:

- Chegamos! Esta aqui esta perfeita!

= O que? A árvore? Vamos pegar os pobres macacos?

- Não Elf! Primeiro seu elemento depois "alimento in vita" Sei que estas faminto e sedento, mas tenha mais um pouco de paciência.

= Tá né! Sem opção! Nem um ratinho?

- ELF!!!

= Tá bem! Chefona!

- Esta vendo essa árvore? Ela é grande! Perfeita! E Poderá te ajudar.

= Como? Olha! Uma coruja! Eu pego!

- ELF!!!! CONTROLE-SE!

= Fácil falar voce não está com fome!

- Engano seu! Desde que fui atrás de Alicia em seu encalço, não me alimento, estou solidária a ti.

= Oh! Desculpa Kathrina! Continue.

Kathrina o olha com reprovação e começa o treinamento:

- Veja Elf! A terra é o elemento que abriga todos os outros, mas nem assim, podemos dizer que a Terra seja o elemento principal. Porque se existisse somente a Terra não seria possível existir vida. A Terra precisa do Fogo direto em suas entranhas ou esfriaria e morreria. O Fogo necessita do Ar ou também não existiria. A Água também mantém a Terra, mas necessita do Fogo para manter a temperatura e do Ar porque Ar é vida. Como voce pôde perceber todos os elementos necessitam do Ar e esse por sua vez depende da Terra! No espaço não existe Ar. Chegamos a conclusão então, de que: todos os elementos estão interligados! Cada um desses elementos principais estão em harmonia com o outro pois sem um deles não é possível vida.

Elf fica um tempo pensativo. Sentindo tudo que Kathrina falou! Sim! Sentindo! Pois ele está em harmonia com todos! Kathrina percebe e respeita o silêncio dele até que Elf decide!

=Talvez um dia eu domine todos! Mas agora quero dominar o Ar! Sinto que posso! Mas voce não falou do 5º elemento o Espírito!

- Porque esse já é seu e voce vai usá-lo para dominar o que escolheu, sem ele não faríamos nada! Como vê: estão ligados....

Primeiramente voce precisa se lembrar que é um Vampiro e não sente dor. É um pouco complicado de explicar depende dos seus sentimentos para ser possível controlar, porque voce conhece as lembranças da dor. Para isso ´precisa usar seu poder espiritual combinado com suas emoções, o mais difícil do que controlar ou aprender a dominar isso é acreditar nisso! É meio impossível para algumas pessoas acharem que é possível, então use toda sua concentração! Voce é um Vampiro e não sente dor a não ser a sensação de fome e ou sede.

= Estou pronto o que faço?

Como voce escolheu o Ar: Você é um Vampiro Aeromante! Voce precisa usar em seus pensamentos aspectos relacionados ao elemento que voce escolheu. Dominar/controlar esses elementos depende muito de seu estado emocional. Para começar concentre toda energia que voce puder! Respire fundo, sinta-se vento! Quando voce sentir sua energia percorrendo seu corpo, iremos para o próximo passo....

Após dizer isso Kathrina espera paciente por seu amigo, ela sabe que é difícil, mas confia nele. Algumas horas depois Elf diz:

= Estou pronto... aaaaaaahhhhh

O corpo de Elf vibra em total descontrole...


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