Fúria Mortal
- Katia Kristina
- 23 de mar. de 2020
- 7 min de leitura
Palavra do Autor:
Os vampiros existem, e estão entre nós. De noite, pelo menos - pois o sol para eles é mortífero. Sim eles sobrevivem bebendo o sangue humano. Mas os mitos não vão mais longe que isto a fim de dizer a verdade. Cruzes, alho, água corrente? Não têm qualquer efeito. Vampiros tal qual eles realmente existem, são criaturas de contradições. São imortais, mas continua agarrado aquilo que ainda têm de humanos. Poderosos, mas sempre cautelosos para manter a sua existência escondida da sociedade humana.
Depois que Elf foi transformado ele falava de modo incisivo e intimidador com as pessoas. Seus olhos negros eram agora de um azul gélido, sua pele perdera completamente a cor, suas feições tornaram-se esquálidas, com olheiras acentuadas ao redor dos olhos que olhava com ira. E sua boca carnuda tornou-se uma fina linha, Elf quase nem abria os lábios para articular as palavras ditas. Quando vociferou ao encontrar Kathrina. = Não me olhe com esta cara! O que você está pensando? Kathrina somente o olha, sem dizer uma palavra. Estavam num bar sujo. As cadeiras já estavam viradas de ponta-cabeça sobre a mesa para o dono de o Bar poder limpar o chão, ele passava inutilmente um esfregão nas manchas de gorduras ao lado do balcão também engordurado, donde dois bêbados quase caiam dos bancos segurando uma garrafa de cerveja e falavam qualquer coisa sem importância. No centro do bar uma mesa de bilhar Elf e Kathrina num canto conversavam displicentemente. Ele não fazia questão de ouvi-la, não mais, estava aborrecido e sedento, ainda não tinha mordido ninguém. A sede o devorava as entranhas mórbidas, sentia dores absurdas, e questionava: = Como dói tanto se estou morto? Kathrina leu a sua mente e tentou falar com ele carinhosamente: - Elf meu querido dói porque agora você é um Vampiro = Não me chame mais de Elf! Sim, eu sou um vampiro. Acabou toda aquela porcaria de: “será que consigo não te morder”. Fui mordido droga! E não foi por você! O que adiantou tanto escrúpulo? Sou um Vampiro faminto e sanguinário! Não essas porcarias de vampiros desses seriadinhos idiotas que andam fazendo por aí. Elf morreu! Sou um bebedor de sangue e agora imortal. Fadado a trágica existência amaldiçoada; - Não é amaldiçoado querido! = Sem frescuras ok? Sei que sou um portador do Mal ou das Trevas sei lá. Uma amiga minha maluca por Vampiros dava nomes bonitos à esta merda toda. Eu chamo isso simplesmente de: um lance legal. - Como assim Elf? Não precisa essa raiva toda... = Como não? Eu não nasci assim que nem você. Fui feito o que sou… Fui transformado! Agora conforme o tempo for passando as noites irão ficando mais longas e o tempo não será mais importante. Vou esquecer as coisas boas e só me lembrar do que importar. Ou acha que minha memória é infalível? Agora minha vida, ou melhor, a minha “não vida” será sempre esta eterna dança da morte. Para me manter na minha “não vida” tenho que tirar a vida de alguém. Vou viver pura e exclusivamente por sangue, esta sede insaciável por alimento, por esse néctar que corre nas veias dos mortais… - Não dos mortais Elf! Dos Humanos! = Caramba! Vai ficar me interrompendo? É sangue. E essa merda de sangue é tudo que consegue saciar a minha Fome. Essa Fome que nos deixa animalescos! Transforma-nos em verdadeiros monstros. Conhece aquela frase de um cara aí que não lembro o nome que é assim: ”um monstro eu devo ser, para um monstro eu”. - Para com isso Elf! Não somos monstros, só somos diferentes. Seres não Humanos outra raça! = Ah, sei lá Kathrina, alguma porcaria deste tipo. - Então, fica quieto e deixa-me explicar! = Vá lá que seja, mas não creio que tenha explicação. - Tem sim! É o seguinte: você aos poucos vai deixando de ser Humano. Vai se tornando outro ser, uma nova espécie... = Peraí Kathrina! Como foi que tudo isso começou? - O que você quer saber? Como foi que surgimos? Você diz com relação ao Primeiro de nós? = É, mas não vem com essa história dos livros, sei que você não é idiota para acreditar em livros. Pensa aqui comigo: Se alguém soubesse como esta porcariada toda começou você acha que estaria escrito em livros bem encadernados para qualquer ser vivente ler, como eu mesmo já fiz muitas vezes? Se toca Kathrina! Quando um conhecimento deste porte é do saber de algum mortal ou não mortal, ele é guardado a sete chaves. Afinal, conhecimento é poder. O que divulgam para nós é apenas uma pontinha do que realmente se sabe. Nunca saberemos exatamente como surgimos. Também, agora que já sou essa aberração o que vai adiantar eu saber? Pode ter sido por um espírito maligno, por louco empalador, ou por amaldiçoados anjos de que Deus jogou na terra... Ah! Que se dane! Não faço questão nenhuma de saber mais nada. - Empalador Elf? = Sim Kathrina! Um indivíduo que Introduz pelo ânus do supliciado um pau ou estaca pontiaguda, que lhe atravessa as entranhas. - Credo Elf! = Já disse pra não me chamar de Elf! E agora me diz se tem alguma vantagem em ser vampiro? - É óbvio que tem, ninguém vira Vampiro à toa, tá… tudo bem tem uns que são transformados sem pedir… Como é o seu caso, mas com o tempo vai experimentando as sensações da imortalidade. Terá capacidades sobrenaturais que apenas nós os vampiros, somos capazes de ter. =Como o que? por exemplo, dona sabe tudo. - Como a velocidade, a resistência… a força, isso sem contar os dons mais específicos: podemos nos transformar em animais, manipular elementos, controlar multidões, a própria treva… tem coisa que... Ele não a deixa terminar esse assunto já lhe encheu as medidas. Ele quer sair não aguenta olhar a beleza imortalizada de Kathrina. Mas ela o puxa para sentar-se e continua autoritária. - Senta e termina de ouvir, não pode retroceder, então quanto mais souber melhor para você se situar. = O que mais vai me interessar a não ser um pescocinho suculento. -Não precisa morder ninguém se não quiser, tem que se educar a beber o sangue como alimento, como as pessoas que não querem engordar fazem: não se empanturram. Tudo demais vicia!- como eu ia dizendo, do mesmo jeito que os mortais, nós os imortais também temos leis, temos organizações, clãs, sociedades. A diferença é que nós os imortais não nos reproduzimos como loucos como vocês os mortais. Mas podemos criar semelhantes e assim sendo aumentar a densidade populacional dos imortais no mundo. Mesmo assim você só vai encontrar para cada 100 humanos, um vampiro, ou algo do tipo. De outra maneira complicaria a vida por existirmos para sempre. Temos leis que controla tudo isso. Assim como a bigamia dos humanos. Mas é melhor deixar para outro dia, não conseguirás absorver tanta informação de uma só vez, porque estás irado e com aversão a tudo. Até por que, já vai amanhecer. = No momento o que tenho em mente é que os Humanos são alimentos. Um dos bêbados ouviu e perguntou espantado? - Como assim alimento? Nós somos comida? = São sim cara, para nós os Vampiros vocês humanos não passam de um lanchinho gostoso. Nós usamos vocês para nos servir durante o dia, e durante a noite usamos para saciar nossa sede, essa fome infernal. Kathrina se aborrece: - Está bem Elf! Então fica aí, vou embora. E sai dengosa com seu andar firme e elegante. Elf grita: = Não me chame de Elf! Eu já disse que sou um Vampiro e não um Elfo. Uma mulher que acabara de entrar para comprar cigarros perguntou interessada: - Vampiro? Você é um Vampiro de verdade? = Sou sim! Um vampiro sanguinário e posso te dar um presente você quer: A mulher olha no relógio e fala descrente: - Bem Vampiro! Estamos aqui nesta espelunca, faltando minutos para o Sol nascer. Me diga uma coisa; Você pode sair por ai morto? Ou “não vivo” como preferir, debaixo do Sol? Vampiros podem sentir a luz do dia? = Logo vou embora depois do presente que vou lhe dar. - Ah, não me venha com esta… se você pretendesse ir embora teria ido antes, agora, o Sol vai nascer e você vai queimar. = Eu fiquei por você, por que gostei de você! O presente que tenho para te dar é a coisa mais preciosa do que você jamais poderá ter um dia. E então, posso fazê-la viver para sempre? A mulher se cala olhando em seus olhos. Elf continua: = Eu sabia que você aceitaria. Gosto disso sabe? - Gosta do quê? Eu não aceitei nada = O quê? Você está com medo? É bom ter medo mesmo… O medo te faz lembrar que você está viva. A mulher dá de ombros paga os cigarros, retira um acende e devolve o isqueiro ao dono do Bar que acabava de limpar o balcão.
Os bêbados estavam estatelados no chão tomados pela embriaguez, o dono do Bar se preparava para colocá-los na calçada. Ele olha em volta, cansado da lida, resta apenas um cara sentado sozinho, falando e gesticulando, ora calava ora falava. Mas o dono do bar não entendia nada, o cara falava numa língua estranha a ele. Também não importava!
O esquisito é que o rapaz falava sozinho a horas. De repente o Dono do Bar coçou os olhos para afastar o sono. Já é de madrugada e ele está na lida desde o raiar da manhã, quando voltou o olhar... O cara havia desaparecido! Ele pensa; - Ai minha mãe! Tô imaginando e minha imaginação escuta vozes, deve ser o sono.
Não havia ninguém mais no Bar além dos dois bêbados. Eu apenas imaginei coisas.
O que aconteceu foi que: Momentos antes de o sol nascer, alguém arrastou o vampiro para debaixo do assoalho do porão. Deu a ele uma taça com seu próprio sangue. Depois de saciada a fome o irado Vampiro, entregou-se ao sono diurno.
Naquele dia ele sonhou com a noite em que foi transformado. Sentiu seu corpo voltar até a doce duquesa de Rosembawer. Mas não se iluda Elf transformou-se num Vampiro bebedor de sangue sim.
O que aconteceu foi que ele estava irado com a sua nova “não vida” E foi dominado por uma bela fêmea.

- Que foi? Assustou-se? Calma, ele não vai beber o seu sangue!
Não! Pelo menos hoje!